A beleza do mundo
- carolinapessoajorn
- 21 de set. de 2024
- 2 min de leitura

Dia desses comprei um vestido novo para Internet. Dessas compras por impulso, em que você não mede muito as consequências: o que fala mais alto é o desejo, puro e simples, quase carnal.
O vestido era preto e branco, com leves estampas coloridas. Na modelo, tinha um caimento suave, nem muito justo, nem muito folgado. O decote deixava os seios bem modelados, quase sensuais. E a pequena parte das pernas a mostra ficavam delicadas e bem delineadas.
Vesti.
E apareceu a dura realidade.
Em meus braços quase nus devido às alças da roupa, percebi pequenos contornos, resultante o envelhecimento das carnes e da falta de fortalecimento dos músculos.
Em minhas pernas finas, ficou de fora uma canela que destoava do todo. Já com 10 quilos a mais que o devido, mas ainda com as perninhas bem magras, o vestido realçava a desarmonia entre as partes.
No rosto, o cansaço de uma mulher de vestido novo, mas alma já antiga. A pele já um pouco gasta pelo sol, mas principalmente pela vida, não reluzia tanto quanto aquela roupa pedia, quase gritava.
Com tudo assim, meio dissonante e até mesmo quase caótico, pensei:
– Envelhecer não é fácil.
Mas não me deixei abater.
Peguei um lenço e coloquei em volta dos braços. Um salto alto que me deixava mais delineada. Passei também um pó compacto no rosto e um batom.
E saí, sentindo-me não apenas a mulher mais bela do mundo, mas também a mais jovem.
Afinal, a beleza do mundo, percebi eu, estava dentro de mim. E não em cinco ou seis notas de estilismo ditados pela moda, pela blogueira digital, ou pelo que “dizem por aí”.
A beleza do mundo está em me amar, me cuidar, e me dar o valor que sei que eu tenho.
(Passo em frente a uma vitrine e mais uma vez me olho no espelho, que, desta vez, brilha. Sorri também).
Este texto é da autora Carolina Pessôa. Instagram @carolinapessoa25 e site oficial http://www.carolinapessoa.com.br



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