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Dei apenas um tempo



Peguei a mochila velha guardada no canto do quarto. Preenchi com roupas de verão, mas também não esqueci o velho casaco de lã. Precisava me preparar para todas as possibilidades. Chuva forte, sol, garoa, o que fosse. Queria sentir a plenitude de uma nova cidade, com sua natureza, seu patrimônio, sua gente, e até mesmo suas ruas esburacadas.


Precisava de um tempo.


De toda a rotina de trabalho, família, e até mesmo amizades. Aqueles velhos problemas que você até já se acostumou, mas um dia ficam chatos, sabe?


Precisava ressignificar.


Peguei um camisa que ganhei do ex-marido, um relógio de um ex-namorado, e uma calça de um ex-amor. Quem sabe, combinando um pouco de tudo, com um leve batom e pó compacto, e me esparramando pela nova cidade, eu não abriria nova portas?


Explodindo de emoções no peito, guardei minha chave na bolsa e minha passagem na carteira. E me lembrei daquela música do Cartola.



Eram apenas 4 da manhã, mas eu já estava a mil. O ônibus partiria às seis. Respirei, fiz meditação. Tomei um copo de café, e uma água com açúcar para contrabalançar.


E pensei em quantas coisas vivi. E quantas superei.


Aquela partida repentina que jamais esperei. Aquela promessa não cumprida. E aquela mentira deslavada.


Apenas alguns exemplos de mágoas que o tempo alivia, porém não cura.


Mas feliz também por todas as alegrias vividas, que não foram poucas, parti. Não sem antes, mandar para você esta mensagem.


"Já volto. Dei apenas um tempo".

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