top of page

SAUDADE

  • Foto do escritor: carolinapessoajorn
    carolinapessoajorn
  • 30 de out. de 2021
  • 2 min de leitura

Atualizado: 10 de mar. de 2022


ree

Por: Carol Pessôa


Desde pequena sentia um estranho aperto no peito. Os pais a levaram a vários médicos. Também iniciou tratamento psicológico. Mas nada resolvia a estranha pontada no coração.


A família comentava que ela era uma menina problemática. Sempre com notas baixas, problemas de saúde, desânimo para as brincadeiras.


Não havia o que a fizesse sorrir de verdade. Nas fotos, sozinha ou em grupos, exibia sempre uma expressão amarela, sem graça.


Assim foi até os 33 anos.


Cresceu, tornou-se uma médica pediatra responsável, decidida.


Cuidava das crianças com todo o empenho. Era como se buscasse naqueles pequenos a cura de suas próprias dores de menina.


Até que em um dia de emergência, atendeu um pai viúvo que carregava a filha nos braços em desespero. Ela estava com fortes dores na barriga, e ele não fazia ideia de que era apenas uma cólica menstrual. Perdido e preocupado, não entendia que seu bebê estava se tornando uma mulher.


Alice riu. E pela primeira vez, teve a estranha sensação de que seu riso era sincero. E ao receber a notícia de que sua filha virou mocinha, Pedro também riu. Sentiu-se ridículo.


E naquele inusitado encontro, surgiu um sentimento diferente. Alice, como boa médica, foi percebendo dia a dia que a pontada em seu peito melhorava. E foi aconselhada por uma amiga a procurar atendimento espiritual em um grupo kardecista.


Cética, ela teve dúvidas, mas decidiu arriscar.


Ao conversar com o conselheiro, escutou aquilo que jamais imaginava.


“Saudade. Era saudade”.


Alice e Pedro foram companheiros em muitas vidas. E escolheram a madura idade para o reencontro, este abençoado pelos espíritos amigos.


Encantada com a descoberta, ela correu como nos filmes românticos. Já sabia onde ele trabalhava. Pedro era defensor público, e atuava no centro da cidade.


E como nas comédias românticas, ao chegar ela descobriu que ele havia acabado de sair. Para ir ao hospital, explicou uma das funcionárias, entregar um buquê de rosas a uma médica que havia atendido sua filha há poucos dias.


E assim, mais uma vez, recomeçou uma das mais lindas histórias.


Vivida, revivida, eterna.



Crédito da Imagem: Foto por Viktoria Slowikowska em Pexels.com

 
 
 

Comentários


bottom of page